Ordem, Ética e Progresso (Abr/10)

quinta-feira, agosto 19, 2010

“Em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam” Mateus 7:12 (NVI)


O otimismo invadiu o Brasil. Talvez nunca na história da República, brasileiros e brasileiras tenham experimentado uma combinação de estabilidade econômica, projeção positiva no exterior e perspectivas promissoras. Recentemente a FGV (Fundação Getúlio Vargas) confirmou que essa fase dos últimos anos foi a de maior expansão da economia dos últimos 30 anos, condizendo com as ambições brasileiras de se tornar uma potência mundial.

Um índice, no entanto, parece não acompanhar o desenvolvimento do país. Em 2009, o Brasil ocupou o 75º lugar no CPI (Índice de Percepções sobre Corrupção) da Transparency International, atrás de países como Chile, Uruguai, Cuba, Macau, Tunísia, Butão, Romênia e Gana.

O cenário acelerado de mudanças bem como a alta competitividade no mercado impõe às empresas novos desafios e demandas. Produtividade, lucratividade e compromisso social são exigências rotineiras como requisitos básicos para a sobrevivência das organizações. E compor-tamentos antiéticos são, muitas vezes, o atalho escolhido para conciliar todas as expectativas. Sem conscientização e compromisso com princípios éticos, um delito leva a outro até, finalmente, formar uma cultura.

Nos Estados Unidos, 19º. lugar no mesmo ranking, uma pesquisa da empresa de auditoria KPMG apontou que 75% dos entrevistados disseram ter observado violações da lei ou das normas da própria empresa nos doze meses anteriores. Em torno de 50% afirmaram que se o público tomasse conhecimento do que estava acontecendo em suas empresas, perderia a confiança nelas. 61% declararam que a sua empresa não pune os indivíduos que violam as regras éticas e 79% desses não convidariam conhecidos ou amigos a trabalharem na empresa. Para 60% desse mesmo grupo, não existia nenhuma expectativa de que os clientes indicassem sua empresa para outros clientes.

Todas as grandes empresas sérias passaram a revisar suas estruturas de poder e políticas de incentivos, além de adotar e comunicar claramente normas de conduta ou um código de ética para orientar o comportamento dos que trabalham, incluindo níveis de gerência, e são parceiros delas, e com isso:

• Desenvolvem maior credibilidade no mercado em que atuam devido a relações de confiança mais estáveis e lucrativas com seus clientes, sejam internos ou externos;

• Atraem os melhores profissionais por criarem um ambiente de trabalho saudável e consequentemente mais produtivo; • Atribuem mais valor aos seus produtos ou serviços por tornarem positivas as experiências de compra ou venda nas transações comerciais; • Têm menos problemas de furtos, sabotagem, discriminações e depredação das instalações; • Minimizam riscos de escândalos que destroem carreiras e companhias;

• Gastam menos em processos e negociações trabalhistas.

• Garantem segurança e privacidade no uso de tecnologias.

Todo ser humano, consciente ou inconscientemente, tem princípios que orientam o seu julgamento ético. No Ocidente, o fundamento dos princípios éticos é a Bíblia. Mesmo aqueles que não se consideram religiosos, cresceram numa sociedade onde o certo e o errado é definido primariamente pelo Antigo e o Novo Testamentos.

A regra áurea é o mandamento ético mais conhecido da Bìblia, mas definitivamente não é o único. Eu destacaria três passagens: os Dez Mandamentos de Deus (Ex 20:3-17), os provérbios do sábio Salomão (Pv 6:16-20) e os conselhos do apóstolo Paulo (Fp 4:8).

Se existe um aspecto da nossa cultura que pode frustrar os sonhos brasileiros é essa falta de ética infiltrada nas várias áreas da sociedade--do governo à igreja, das empresas às organizações não-governamentais, das indústrias aos autônomos. Vamos redefinir o lado antiético do “jeitinho brasileiro” e, por que não, adotar a sabedoria bíblica milenar no ambiente de trabalho?


Marcelo E. C. Dias é pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia e professor de Teologia do UNASP, Engenheiro Coelho, SP. Formado em teologia e administração de empresas, concluiu o seu MBA na Califórnia, em 2003, e atualmente cursa o doutorado em teologia na Andrews University, Michigan, Estados Unidos.

Publicado na revista Destaque Empresarial.

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